sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Introdução

Aqui publico em versão digital o livro LUGAR ETÉREO. Apenas fiz umas correcções ao nível da pontuação - que retirei na maioria dos poemas e que vos atribui a interpretação livre dos mesmos - e num ou noutro caso ao nível da gramática.
A publicação deste livro deve-se com enorme gratidão a várias pessoas que contribuiram para a sua concretização e para o sucesso que tem tido: João Covas Lima, pelo apoio e interesse e amizade; António Marques Revez, pela amizade, pela partilha e estimulo; José Luíz Soares, pela clarividência e colaboração e amizade; Ricardo Andrade, pelo excelente trabalho gráfico, eplo empenho e profissionalismo; e à Claudia Peixoto da editora Mercado de Letras, pelo apoio inesgotável na produção do livro e pela amizade.
A todos muito obrigado!
Jorge Barnabé

CONTRA CAPA

não te peço senão que me ames
tanto como te amo
nada quero senão a pureza
dos teus sentimentos
e ter-te em mim
como uma árvore tem um ramo
e entre nós fazer criar construir
outros contentamentos
nada te peço senão que existas
tão só que existas
todos os dias todas as noites
a toda a hora
dentro de mim entre mil desejos
pela vida fora...

deixem-me ir

deixem-me fazer o meu caminho
deixem-me rasgar esta estrada pelo mundo
deixem-me ser a ponte sobre os mares
deixem-me dar os passos que preciso
deixem-me trepar às árvores como um menino
deixem-me ir mas nunca me deixem ir sózinho

sinto-me cansado...

sinto-me cansado
como um velho tronco na margem de um ribeiro
tão cansado
como uma casa em ruínas
que vai resistindo às tempestades de janeiro
estou cansado tão cansado esgotado
como uma flor que seca nas páginas de um romance
estou cansado cansado e agastado
como um banco de jardim onde se senta e descanse
e cansado me levanto e deito
como uma esperança ténue na boca de um desejo imperfeito

já não tenho...

já não tenho o teu sorriso tímido
nem o teu silêncio inquietante
já não tenho as tuas mãos grossas
segurando-me pelos ombros
nem o teu olhar equidistante
tudo são rasos escombros
da nostalgia que me reinventa
sem uma única palavra tua
já não tenho nada de ti
que possa passear pela rua
já não tenho as histórias
que inventavas com entusisamo
tão pouco as vontades inglórias
para te ter de novo ao meu lado

ao meu Pai

entre nós

entre um e outro
vai um caminho longo e distante
existem coisas no olhar semelhantes
expressões ditas e gestos feitos parecidos
e no entanto são tão diferentes
já não me recordo das muitas vezes
que quis ser como cada um de vós
e de tantas outras que apenas quis o oposto
entre um e outro
entre a calma serena de um lago
e as marés agitadas mas generosas do mar
existe a mais pura e obvia semelhança:
a água
transparente e fresca essencial até
e se veu puder ser outra coisa
que seja o leito de um rio
não me importa se grande ou pequeno
desde que seja também água

aos meus irmãos, Nuno e Tânia

leonor

serás mel doce e suave,
serás olhar terno e longo,
serás coragem sem entrave
força que cresce num só fôlego...
serás a vida toda pela frente,
desejos que se transformam,
vontade crescente,
loucura pura e sadia.
um sorriso que evoca a alegria,
serás uma história de amor
um livro aberto chamado... Leonor.

à Leonor de Brito Ameixa

voa!

sorris apenas porque existes
ainda frágil, ingénuo coração de menino.
olhas porque nem tudo ainda viste
mas verás que esse é o teu destino.
tanta vida, tanta (!)
se projecta nesse olhar.
ergue a tua voz! fala! canta!
anda! corre! vai brincar!
deixa-te ir ao sabor do vento!
faz-te rapaz, homem a cada pensamento,
abre os braços e ama,
que o amor é vida em chama.
levanta voo e voa,
rasga a vida inteira na tua asa.
nunca pares. voa Henrique, voa!
faz do mundo a tua casa...

ao Henrique, meu sobrinho

mãe!

estás aqui e nem sempre te vejo
passas discreta pelas ruas que percorro
como uma sombra que sai de mim
ainda que por veezes te possa ignorar
ou recusar-te um desejo
és a única por quem morrerei
e se for preciso... morro!
deste-me o principio e não me deixas ter outro fim
sem que lute com a força que herdei de ti
estás aqui todos os dias
e mesmo que não te veja
a tua presença acalma-me o olhar

és o olhar mais puro que respiro
o coração mais vermelho que me deseja

à minha Mãe

entre amigos

sossega-me que os dias não são fáceis
faz-me rir
sem que tenhas de dizer seja o que for
deixa-te estar aí onde sempre estiveste
discretamente
e quando menos esperar aparece
para pura felicidade da minha dor
traz-me um sorriso para secar esta lágrima
zanga-te comigo se for preciso
mas deixa-te estar
fala-me ao ouvido
sussurra-me os dias que virão
encontra-me se estiver perdido
leva-me ao colo... levanta-me do chão

à Carla Maria Ventura

não sei

não sei quantos segundos e minutos infinitos
já passaram sem te ouvir dizer que me amas
não sei quantos mais minutos e segundos
se tornarão mais infinitos
até que o digas com o mais doce tom da tua voz
e o etéreo brilho do teu olhar
não sei o que mais fazer neste entretanto
o que será de nós
o que faremos ao destino de amar
não sei por quanto mais tempo
conseguiremos enganar o desejo
não sei acredita que não sei


último poema

afecto

desfaço as pedras da calçada numa correria
desfolho as árvores num instante
arraso os sonhos numa razia
e faço-me à vida num lugar perpétuo
onde escolhi viver para sempre
no mais profundo e impoluto afecto

lembras-te?

lembras-te?
da noite junto ao mar
quando enrolamos a areia nos nossos corpos suados de paixão?
lembras-te?
quando entramos naquela casa despida
e nos despimos de paredes falsas?
lembras-te?
daquele mergulho salgado
que nos transformou em flor-desal?
lembras-te?
do teu coração a saltitar no brilho dos teus olhos
quando dizias que me amavas?

lembras-te?
eu lembro-me de tudo...

o amor a sós

à tarde à tardinha
quando a tarde se encaminha
fecho-te num abraço apertado
pelas ruas largas da cidade
entre o voo de uma andorinha
e o andar apressado
aperto o peito junto à saudade
e deixo que a noite caía em nós
o céu estrelado
a lua cheia de tudo
e o amor a sós

todos os dias

todos os dias
entre o sol que nasce antes de mim
e o crepúsculo que faz cair a noite
sorris-me sem saber que me sorris
e quando a noite vem o meu olhar descai
todos os dias
uns atrás dos outros
entre o sorriso que te furto
e o meu olhar triste
vem o amor e engana-me a esperança

agora amo-te...

agora amo-te
tanto como sempre
e fico preso aos dias sem fim
procuro outros lugares
outros sorrisos
outros beijos
outros amores
e vou parar sempre a ti
fecho os olhos na esperança
e toco os limites do desejo
abro-te o meu coração
num abraço lasso
e agora amo-te...
tanto como sempre

um beijo teu

se fosse um beijo beijava-te
e ficava preso ao sabor doce dos teus lábios
beijava-te
tocando o teu sorriso
se pudesse fazia de mim um beijo
um beijo teu

o teu olhar

peguei num olhar teu e guardei-o no meu...
é tão bonito o teu olhar

amarga intenção

acordei numa cama vazia
tão estranha e fri
desfraldada do teu cheiro
ignorada pelo teu calor
fixei o olhar no lugar do teu corpo
branco suave e delicado
e lembrei-me do nosso amor
tão intenso como derradeiro
tão caprichoso como apaixonado

nos dias que me restam
nos suspiros que me faltam
desejo tão só este silêncio
e dele a marga intenção da memória

pergunto:

para quem vai esse beijo que já não é meu?
de quem é agora o encanto do teu sorriso?
para quem brilha o teu olhar se não se prende no meu?
quem te aperta num abraço se o meu já não é preciso?

Sens toi

la vie qui passe sens toi
c'est comme la mer sens eau
un jour perdue sens te voir
c'est comme le temps qui vieilli un chateu...

infinito desejo

é infinito este desejo
tão infinito como o céu azul celeste
é desesperante a tua ausência
tanto como uma fé vã e louca
é mais forte que o universo
embora a vida seja também esperança
eu espero aguardo o teu regresso
tão ingénuo como o espírito de uma criança

sem ti...

sem ti o meu coração é um desassossego
um casario em ruínas coberto pela escuridão
uma tarde de tempestade que me cerca num
abrigo
uma viola tocando notas de saudade
alguém que perde um amigo
um momento inseguro de intranquilidade
sem ti deixo-me vencer em segredo
frágil como a verdade do medo
fútil como querer sem desejo

breve desejo

vou no caminho do teu olhar
e deslumbro-me em cada sorriso teu
- raro sentimento forma de gostar
como uma bruma que cobre a lua em véu
e vou ao teu encontro
ainda breve porque assim o desejas
que serei apenas o cândido conto
em que me querees e me beijas

manhã doce

foste a manhã doce que despertou o meu olhar
que se debruçou suavemente na minha janela
e que esperou para me ver acordar
foste a tarde de calor
que se encostou ao meu peito
e me apagou a dor
foste a noite que se vestiu
na luz branca do luar
e me adormeceu em profundos sonhos
até voltaste manhã doce
propositadamente para me acordar

aguardando

sento-me a ver cair a noite
aguardando que caia sobre mim
porque outra coisa não desejo
senão um olhar de lua cheia
iluminado por ti

coma profundo

de manhã acordei e nem sabia que dormia
abri os olhos sem saber que estavam fechados
tentei falar e no entanto não conseguia
quis-me lembrar e eras a minha única memória

esta noite adormeço a teu lado... mesmo sem estar

não chegam as horas

não chegam as horas para saborear tanto sabor
nem o tempo chega para te falar de amor
as horas passam
o tempo voa e os dias cansam
só por desejar ainda mais e mais
mesmo sabendo não haver duas coisas iguais
mas o tempo não chega
não chega o tempo de te abraçar
e o meu desejo nega esta ou outra contrariedade
não quer saber de mais nada
senão matar tanta saudade

as minhas mãos

se as minhas mãos fossem frutos
e o teu corpo terra fértil
deixava-as cair sobre ti
para as amadurecer
e depois morrerem por ali
e se nelas surgissem os vultos
de um desejo inconsequente
as minhas mãos seriam tão só os frutos
de um amor ausente

deixo-me ir

deixo-me ir louco
com sabor a tão pouco
louco de louca loucura
incapaz de ser suficiente fartura
vou por aí
por onde não me esperam
louco louco por ti
à espera do que aconteça
deixo-me ir
no imprevisto me seguro
improviso
deixo-me ir que indo te procuro

esta noite pensei em ti

esta noite pensei em ti
e fugi desse pensamento
como o amor foge de mim
fui indo como um foguete
rasgando o vento
à velocidade da luz
fui ainda a amar-te
e só então me sobrepus
e esta melancólica sensação de vazio
faz-me querer esquecer
inclusive fazer desaparecer
toda a água no leito deste rio

pudesse ser e não ser

pudesse ser e não ser vida
entre os dias que passam
exortado pelos mais intímos desejos
de um coração que bate sem querer
marcando tempo no seu destino
pudesse ser e não ser
sem assombro do que vier
pudesse e não seria o que pareço
tão só os meus sonhos de menino

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

quero-te

quero estar contigo esta noite
sermos uma estrela só
um desejo que se afaga na aurora
um livro sem história

esta noite quero-te
ficar contigo pela noite fora
esta noite quero-te

cada instante

em cada instante
a brevidade do teu olhar esgota o meu
em cada segundo e outro segundo
o meu olhar fixa-se no teu
são olhares cruzados
brilhantes
luzententes apaixonados
em cada tempo do tempo
só conta o olhar que te traz por um momento

esta noite

esta noite
quando a noite já for longa
vou fechar os olhos e sonhar
vou sonhar até ao infinito
e quando a manhã chegar
vou abrir os olhos e olhar
olhar com outros outros olhos
um olhar mais distinto

pedaços

deste pedaço que ainda me resta de ti
faço mil pedaços
e destes
o meu dia-a-dia por fim...

é de pedaços de ti que sinto falta
das tuas mãos cobertas de seda
do teu sorriso criando vida
do teu olhar que me sossega
dos passos que percorres até me abraçares
do teu coração eterno de candura
dos teus lábios doces que me beijam com loucura
da voz meiga que trava os meus impulsos

é de cada pedaço de ti que sinto falta
e é por cada resto de ti que suspiro

nostalgia

lemvras-me uma manhã verde
que se faz tarde ao entardecer
como um trago de água que mata a sede
e se fará manhã se o amanhã amanhecer
lembras-me uma tarde de prata
que vai além do limite do teu olhar
como um desejo que me mata
e se retarda na vontade de passar
lembras-me uma noite branca
que se faz noite junto ao mar
como um riso que canta
esta vontade de te amar

noite

noite fria
que cresce para se fazer dia
e se enrola num luar de timidez
como se fosse uma criança
a aguardar a sua vez
noite sem tempo apagada de estrelas
em que o céu se cobre de negro
e escurece como nunca antes
e dela - a noite -
tudo fosse um amargo medo

longe de ti

estou longe de ti
dos teus suspiros e ais de mulher apaixonada
longe dos ares que te respiram
dos aromas que te rodeiam
longe de ti
longe de cada particula do teu ser
da lua que te cobre caprichosa
num manto retalhado de saudade
do teu corpo perfeito de mulher
estou longe de ti
do teu cabelo loiro que me faz lembrar o sol
dos teus olhos escuros que me incendeiam a alma
estou longe de ti
longe das tuas mãos brancas que me tocaram
do teu coração que me ama
estou longe de ti
longe da tua voz que me acalma
e põe o nosso amor em chama

estou longe de ti...

deixa-me ser

deixa-me ser o rio que percorre a tua silhueta
e que corre lento para te saborear
deixa-me ser a planicie que te semeia já feita
e te colhe numa noite de luar
deixa-me ser o céu que cobre os teus desejos
e te molha os lábios com beijos
deixa-me ser o sal que mergulha no teu mar
e te adoça o sentido de amar

desejo

desejo
sabor doce na boca de um beijo
lugar etéreo em medida de ensejo
palavra vazia entre o lugar que não vejo
desejo
saudade imensa que me arrebata
sorriso ausente que me mata
abraço apertado que me falta
desejo
rua deserta de gente
mar imenso sem nascente
rio que flui sem afluente
luar branco e amarelo... intermitente

continuo...

continuo a amar-te
nesta paixão que me arrebata
continuo a desejar-te
nesta vontade que me assalta
continuo em sentido contínuo
a quere-te cada vez mais
e mais e ainda mais
e enquanto continuo
abraço-me só
nas penas dos meus ais

meu poema

se eu fosse poeta escrevia-te num poema
escrevia-te toda
palavra por palavra
do principio ao fim
faria de versos e estrofes
rimas sonetos e odes
se eu fosse poeta e tu o meu poema
fazia-te correr as linhas do meu caderno
eternizava o meu amor por ti em prosa
e nela guardava o silêncio de um desejo eterno

para sempre

aqui estou eu
sentado a olhar o mar
e no seu fundo
na linha do horizonte
vejo o brilho do teu olhar
apetece-me ficar aqui
para sempre
eternamente
ser esta gaivota que voa
entre o mar e o céu
ou esta folha que se segura
presa na copa desta árvore
ficar entre o meu olhar e o teu
e esperar que o tempo não te guarde

noite longa

minha noite longa
minha saudade que cresce
meu amor que se prolonga
minha amargura que se veste
meu luar amargo e doce
minha vontade de se e de não estar
meu desejo de tudo o que fosse
minha vida imensa como o mar
minha eterna loucura
meu voo para a aventura

vou encontrar-te

vou encontar-te perdida num abraço meu
de olhar intenso e brilhante
a esvoaçar rumo ao céu
desejada num desejo fulminante
mergulhada na paixão de um beijo
amada num amor tão forte
fixada num imenso desejo
levada para melhor sorte

linha ténue

o amor é uma linha ténue
delicada e frágil
é um traço efémero
que nos risca o coração
um desejo longo
que nos faz a alma ágil
um pensamento lacto de emoção
o amor é um voo em liberdade
um desejo constante de desejar
uma vontade breve de saudade
uma invulgar capacidade de amar

esta noite lembrei-me de ti

esta noite lembrei-me da chuva
que escorria no teu cabelo
que encheu rios e vazou o mar
que se desfazia desfeita num novelo
e que parou só para te deixar passar
esta noite lembrei-me de ti
porque o tempo não pára
e eu não te esqueço
porque a memória nos aclara
e eu... padeço
esta noite a chuva trouxe-te de volta
e eu lembrei-me de ti
perdida num olhar a olhar para mim
esta noite lembrei-me de todas as recordações
de cada segundo que passamos os dois
e só parei para respirar
que demais não capaz...
nem de guerras nem de paz

és tu o mundo...

sempre que te procuro encontro-te
com um sorriso alegre e feliz
segues o teu caminho
não te importa o que o mundo diz
és tu o mundo... todos os mundos
és a água salgada do mar
as águas doces dos rios
o vento que voa o ar
és a terra quente e humida
que me dá vida e me faz crescer
és as planicies e as montanhas
as selvas e as savanas
és tu o mundo... todos os mundos
és a razão do tempo que passa
as horas os minutos e os segundos
és tu o mundo... todos os mundos
és bela és a beleza
a luz do dia o brilho do luar
és tu a natureza
és tu quem eu desejo amar
a ti e a esse sorriso de alegria
que também é minha
és felicidade no meu rosto
porque me fazes sorrir também
és o meu olhar a brilhar
porque é de ti que gosto
és tu o mundo... todos os mundos
... o meu mundo

espero que os teus olhos brilhem

espero que os teus olhos brilhem
e que isso seja paixão
aguardo o teu sorriso cheio de amor
grande maior que a razão
mas porque as horas passam
e os dias não são demais
expresso-me em palavras gestos e acções
e porque o tempo não é muito
e não se sabe quanto tempo será mais
encontro no teu olhar o conforto
a alegria e a felicidade de um amor puro
puro forte e transparente
limpido como a água de uma cascata
e apaixonado apaixonadamente
procuro no teu olhar um sinal
e no teu sorriso uma palavra escondida
procuro na coisa mais banal
e em tudo o que possa não parecer ter vida
uma razão que seja a razão
um sentimento que possa comparar
mas as horas passam e os dias também
e continuo sem achar tal comparação
mas porque o tempo não é muito
e não se sabe quanto tempo será mais
continuarei a dizer que te amo
com receio que seja demais

somos...

somos gestos olhares e sorrisos
palavras ditas pensadas e sentidas
momentos de prazer e de desejos
sensações novas e apaixonadas
que se cobrem num manto de risos
e se embebedam num mar de beijos
eu e tu numa paixão de amor
que nos faz brilhar intensamente
e nos aguça a vontade de partilhar
cada momento presente e ausente
somos nós os dois por amor
vidas constantes de felicidade e de alegria
que vencem a tristeza e apagam a dor
somos eu e tu num só momento
o vento a chuva o frio e o calor
o sol a lua a noite e o dia
somos apaixonadamente razão e emoção
somos tudo e somos nada somos
as expressões e a força desta paixão
gestos olhares e sorrisos
palavras ditas pensadas e sentidas
momentos de prazer e de desejos

o amor é o teu nome

lembras-me a felicidade um raio de sol
encontro-te assim na minha memória
onde já só tu vives porque és vida
nem julgava poder amar assim
ou sequer amar-te a ti
revejo-me no teu olhar e nele repouso… apaixonado
cresço a cada instante
repleto de novos sentimentos
insisto teimosamente em te amar
sabendo que é delirante
trago-te no coração
investido de ti minha paixão
nua limpa pura e transparente
amo-te porquê não sei nem é importante

este olhar

o meu olhar morre em ti
nasce vive e morre em ti
este olhar que fala que ri e que chora
vai de mim para ti a cada hora
quer seja hora de alegria ou de tristeza
sai de mim e voa
vai de mim e percorre Lisboa
até te encontrar
e morre nos braços do teu olhar

este olhar é teu
mesmo quando até já morreu
vai de mim para ti e volta
nas asas de um amor em revolta

também te amo

também te amo
assim
desta forma que parece não ter fim
deste jeito dedicado
também te amo
forte
com a força das palavras
que tira a vida à morte
também te amo
apaixonado
na loucura de um desejo renovado
também te amo
nesta paixão a cores
que nos pinta numa tela abstracta de amores
também te amo
nesta vida deserta
preenchida pela fleuma de um poeta…
eu também te amo!

não sou poeta

escrevo mas não sou poeta
até rima mas não é verso
é uma prosa aberta
num sentimento perverso
escrevo pela pena da minha alma
com a tinta do meu coração
- escrever é o tónico que me acalma
as dores vindas da razão
escrevo pelo meu sentir
as rimas são tão só a meta
são lágrimas ou vontade de rir
que fazem escrever mas não ser poeta

breve instante

eu sou este breve instante
por onde tudo passa devagar
e tu esse sorriso longo e inquietante
feito de sol e de mar

Nota do Autor

Já não me recordo de quando escrevi o primeiro poema. Recordo-me do essencial: a pessoa que me inspirou e ainda me inspira para os escrever.
Ao principio tive dificuldade em aceitar que estes "escritos" fossem poesia. Preferia escrever a palavra poemas entre aspas. Ainda hoje não sei se o são. Mas já não importa. Importa o que está em cada palavra, o seu destino, o que senti quando os escrevi e, sobretudo, o que ainda sinto. Importa saber que transformei em palavras um amor profundo e que não pude continuar a realizar porque a vida é assim mesmo: uma abosluta contrariedade da nossa vontade.
Não tenho uma ideia triste do amor. Pelo contrário. Acredito no amor. Não sinto desilusão, apenas trsiteza e amargura por não poder estar ao lado da mulher que Amo! Mas essa não uma condicionante da vida, a única condicionante à vida que conheço é a morte e eu prefiro estar vivo e viver cada dia com um imenso sentimento de amor por uma pessoa maravilhosa e bonita. Como se este fosse o lugar etéreo da minha vida.
Mas o amor também vai além do romance. Por isso não deixar passar a oportunidade de publicar este livro dedicando poemas que escrevi a pessoas de quem muito gosto, que Amo - em particular ao meu Pai.
Publico este livro sem a pretensão ou a ousadia de me chamarem poeta. Publico-o porque me apetece. Porque é um desejo que me acompanha desde há muito tempo. Talvez seja um processo interior. Talvez. Até o descobrir será apenas uma simples declaração de amor!

Prefácio

A vida provoca encontros, reencontros felizes. Conhecemo-nos há muitos anos, com aproximações e afastamentos normais nas relações de amizade.
Neste verão, voltamo-nos a encontrar muitas vezes com a poesia como tema de conversa, a poesia e as suas origens, os pretextos e as necessidades de se escrever. Durante algum tempo a partilha de poemas ocorreu essencialmente num sentido, de mim para ti, talvez devido à tua timidez, mas um dia chegaste-me com um envelope cheio de coisas boas, os poemas que decidiste integrar neste teu primeiro livro.
Nos últimos tempos, nas minhas viagens entre Beja e Lisboa, os teus poemas foram a minha única companhia, boa, fresca, onde me revia e encontrava nos teus "escritos", como gostas de lhes chamar. Mas o rótulo pouco importa, o sumo das tuas letras merece vir a público, carece de ser partilhado. A pureza com que utilizas as palavras e a honestidade emotiva que te impele a caneta, resultam em poemas intensos e alegres como o amor, o teu, que viveste, vives e viverás, esse amor alegre que tantas vezes te inspirou e te fez sofrer.
"Talvez seja um processo interior", é com certeza, mas não só, a necessidade de passar para o papel aquilo que sentes, é algo mais, é uma ansiedade artística que deves alimentar. Chama-lhe poemas e continua a escrevê-los, para que dentro de pouco tempo tenhamos mais uma gradável surpresa, o teu segundo livro.

António Marques Revez

Apresentação

Na Nota de Autor, Jorge Barnabé, na abertura do seu livro de poemas afirma acreditar no amor.
A sua poesia reflecte bem a procura incessante deste estado de alma.
Eu acredito na amizade, sentimento que condiciona e também resulta do amor.
Com o Jorge, no convivio das ideias, dos anseios e da esperança criamos e fomentamos uma grande amizade.
Apresento com prazer o autor destas lindas poesias, pedindo ao Jorge que continue a sonhar e a cultivar na sua alma os sentimentos de generosidade, de solidariedade e a sua dádiva total aos amigos.
"já não tenho...", é assim que começas um poema dedicado ao teu pai.
"estás aqui e nem sempre te vejo", dizes assim à tua mãe.
A tua sensibilidade, o ardor fervoroso de quem procura o amor percebe-se bem em tudo o que transmites.
Na amizade, que nos une, realço a tua personalidade, estimulando que faças "o teu caminho" e que encontres a "estrada da felicidade" que mereces.
Um abraço amigo do
João Covas Lima

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

CAPA